15 janeiro 2013


    Ela sorriu. O seu sorriso estava diferente. A sua alma não estava desperta como sempre estivera, o seu olhar não mantinha o seu brilho habitual. A sua face não continuava rosada como anteriormente. O passado levara tudo como uma pequena corrente de vento inesperada e triste que nos surpreende. Até o seu perfume característico a pétalas de rosas desaparecera sem deixar rasto. Do passado, nada restava. Apenas o amor. Ela sabia amar como nunca, ela amava tudo e todos como se fossem seus, amava com intensidade. Mas, juntamente a isso, a dor, pesada, escura, sombria, olhava todos com rancor e tristeza.
    O silêncio perdurava naquela sala. As paredes azuis, que normalmente recordavam a beleza e a calma transmitiam sufoco. A divisão que serviu de brincadeira, de gargalhadas, de dança tornou-se em algo tão pequeno, tão pequeno que parecia ninguém caber lá, como que as quatro paredes estivessem a encurtar cada vez mais. As palavras já não enchiam mais aquele espaço. Em substituição, os olhares denunciavam o pensamento negativo de todos os presentes.
     A certa altura, uma lágrima escorreu pela sua cara. Tudo se tornou cinquenta mil vezes pior. O ar tornou-se irrespirável, a mágoa ocupou o coração de cada um, sem exceção. A revolta, quase que esquecida, reapareceu. Penso que a pergunta, a questão mais presente, e mesmo assim, sem qualquer tipo de resposta era “Porquê?”. A minha vontade era desatar num pranto desesperado. Por dentro, era assim que eu estava. Mas por fora, eu tinha que manter a calma. Era o mais acertado!
     A sua voz interrompeu os meus pensamentos. Agarrou a minha mão, enquanto pronunciou um grupo de palavras. Provavelmente, as únicas palavras que eu nunca irei esquecer. Aquelas que me destroem a cada segundo. Foram as seguintes “obrigada por seres quem és. Obrigada por Deus te ter colocado no meu caminho, por teres tornado tudo melhor. Nunca me esqueças.”. Logo de seguida, o meu coração parou!

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