Ela sorriu. O seu
sorriso estava diferente. A sua alma não estava desperta como sempre estivera,
o seu olhar não mantinha o seu brilho habitual. A sua face não continuava
rosada como anteriormente. O passado levara tudo como uma pequena corrente de
vento inesperada e triste que nos surpreende. Até o seu perfume característico a
pétalas de rosas desaparecera sem deixar rasto. Do passado, nada restava. Apenas
o amor. Ela sabia amar como nunca, ela amava tudo e todos como se fossem seus,
amava com intensidade. Mas, juntamente a isso, a dor, pesada, escura, sombria,
olhava todos com rancor e tristeza.
O silêncio perdurava naquela sala. As paredes
azuis, que normalmente recordavam a beleza e a calma transmitiam sufoco. A
divisão que serviu de brincadeira, de gargalhadas, de dança tornou-se em algo
tão pequeno, tão pequeno que parecia ninguém caber lá, como que as quatro
paredes estivessem a encurtar cada vez mais. As palavras já não enchiam mais
aquele espaço. Em substituição, os olhares denunciavam o pensamento negativo de
todos os presentes.
A certa altura,
uma lágrima escorreu pela sua cara. Tudo se tornou cinquenta mil vezes pior. O
ar tornou-se irrespirável, a mágoa ocupou o coração de cada um, sem exceção. A
revolta, quase que esquecida, reapareceu. Penso que a pergunta, a questão mais
presente, e mesmo assim, sem qualquer tipo de resposta era “Porquê?”. A minha
vontade era desatar num pranto desesperado. Por dentro, era assim que eu
estava. Mas por fora, eu tinha que manter a calma. Era o mais acertado!
A sua voz
interrompeu os meus pensamentos. Agarrou a minha mão, enquanto pronunciou um
grupo de palavras. Provavelmente, as únicas palavras que eu nunca irei
esquecer. Aquelas que me destroem a cada segundo. Foram as seguintes “obrigada
por seres quem és. Obrigada por Deus te ter colocado no meu caminho, por teres
tornado tudo melhor. Nunca me esqueças.”. Logo de seguida, o meu coração parou!
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