16 julho 2012


             Caminhos! Tantos são os caminhos! Uns chamam-nos, outros fazem-nos hesitar, ou até recuar … Uns, sinuosos, com árduas subidas e íngremes desfiladeiros, mais sombrios, ladeados por verdejantes arvoredos altos, por entre os quais mal entra a luz solar, despertam a sede de mistério … Outros, mais inóspitos, áridos, despidos de qualquer sinal de vida, afugentam-nos, receosos … Outros há, banhados de luz, de cor, de aromas e melodiosos cânticos voadores, que nos atraem, como um íman…
Muitos são os caminhos! …
 Que escolha difícil, esta!
Uns fingem não os ver, na esperança de não terem que escolher, talvez por um novo rumo ser sinónimo de mudança, de um virar de páginas, um novo começo e isto pode ser demasiado assustador, fazendo tremelicar o medo de abandonar, de romper com o passado, o receio de tomar uma direção irreversível e de ter que suportar um peso tão grande: o da sua vida.
Outros, mais enérgicos, optarão pela luz, pelo aroma e pela musicalidade, na esperança de uma caminhada fácil, sem esforço.
Outros há ainda, mais impetuosos, que, de mãos dadas com a sede da descoberta, escolherão o mais soturno, aquele que se afigura mais propício à aventura… mas também à desventura …
            A verdade é que não há caminhos totalmente certos, nem pessoas que não errem, mas, quando estamos a decidir que rota tomará a nossa vida, não podemos sentar-nos e esperar que tudo seja fácil, porque não é. As caminhadas são traiçoeiras e quem tenta escolher o caminho que aparenta ser menos complicado estará sempre a optar pelo que oferece menos esforço, e a recompensa será algo sem valor, não superando qualquer expectativa, não constituindo um desafio que acrescente algo a cada um, que faça evoluir. Pelo contrário, quando tentamos levar a jornada mais complexa, temos muitas surpresas, surpresas agradáveis que nunca alcançaríamos se caminhássemos pelo atalho.
             Pelo caminho longo, cada obstáculo superado será uma vitória, uma vitória que nos torna mais fortes, mais capazes. Pelo caminho curto, cada cilada que aparecer é mais um motivo para nos escondermos, desiludidos, descrentes e sem rumo.
             Um ensina-nos por quem lutar e pelo que lutar, ao passo que o outro ensina-nos a desistir de tudo. Na realidade, antes de alcançarmos o sucesso, temos que passar por pequenos fracassos e só assim fruiremos a felicidade com reconhecimento de que aquele momento é nosso, fizemo-lo, construímo-lo, merecemo-lo. Se não tiver havido luta, esforço, empenho, perseverança, conquista, não terá o mesmo gosto, o sabor a vitória, aquele mesmo que sentimos quando estamos realizados, felizes, em harmonia.
Ao longo da caminhada, poucas serão as vezes que ouviremos palavras de incentivo, elas escasseiam nas bocas cobiçosas… É a vida, a vida que conquistamos, as experiências que degustamos que nos presenteiam! Cada conquista, cada pequena meta é um reconhecimento, uma dádiva que nos oferecemos com o esforço que depositamos em cada dia. Por isso, há que conjugar, todos os dias, os verbos “entregar-se”, “dedicar-se”, “esforçar-se” e repeti-los, sempre que necessário, até alcançarmos o objetivo. Na verdade, pode crescer por vezes em nós a vontade de conjugar o verbo desistir, mas temos de saber pegar nele e contorcê-lo, mudar um pouco as vogais, as consoantes, trocar umas sílabas e transformá-lo num mais bonito, mais perspicaz, mais corajoso, o saboroso verbo ‘conseguir’. Se tivermos coragem de o conjugar em frases afirmativas, positivas, decididas, então, sim, seremos capazes de derrotar qualquer obstáculo menos feliz que surja no nosso caminho, na nossa vida, nos nossos sonhos.
E agora, agora é hora de escolher!
Olho em frente e começo a caminhar. O caminho faz-se caminhando …

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