16 julho 2012


    Uma a uma, elas vão escorrendo pela nossa cara. Muitas sem aviso prévio, todas com uma história escondida, milhões de sentimentos que não couberam no coração e escorregaram abruptamente pela nossa face. Primeiro, muito encolhidas, a espreitar pelo canto do olho, depois, com mais liberdade, mais espontaneidade, expondo o nosso interior. São elas, as lágrimas, que nos acompanham quando estamos tristes, emocionados, magoados, quando sentimos saudades … Ah, as saudades! As grandes aliadas, companheiras das pequenas gotas que teimam em aparecer.
    Já nos questionamos porventura sobre o porquê de sermos assaltados por elas. Muitos são as suposições lançadas e perdidas na escuridão da dúvida. Alguns pensam que apenas existem para nos ajudar a exprimir o que queremos dizer, sem palavras. Outros, mais ousados, palpitam que choramos porque não temos capacidade de guardar os sentimentos e explodimos, transbordamos, tal como um copo de água que enchemos com pouca atenção. Tantas as opiniões, todas verdadeiras, todas erradas, quem sabe …
    Maioritariamente, pensamos em escondê-las. Respiramos fundo, piscamos os olhos várias vezes e olhamos para o teto. Marotas, as lágrimas balançam, irrequietas, ameaçando cair. Não temos bem a noção concreta do porquê de não querermos mostrá-las. Talvez tenhamos receio de que nos acusem de sermos fracos, ou não queiramos partilhar as nossas inseguranças, as nossas emoções e nos reservemos no nosso mundo, aquele que nos compreende. É tudo um pouco incerto …
    Bem, aqui vamos nós! ameaçam as lágrimas, saltitantes, prontas a brotar.
 Respiro o mais fundo possível e olho para o céu, na esperança de que ninguém repare. Elas dançam e sorriem, ironicamente. Continuo a piscar e parece-me que desapareceram.
Agora é só seguir em frente …

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